Ainda quando é incidente a sombra horrenda,
Ou se rugem trovões aterradores,
Se sabemos que nem tudo são flores,
Esperamos que a luta se compreenda.

Ainda mesmo que desmande a injustiça,
Os crimes, o vandalismo e a trapaça,
Vejo o brilho do diamante sem jaça
Na ação dos Céus que o bem formoso atiça.

Vemos que ainda o egoísmo aqui negreja
E encharca o coração de muita gente.
Deus dá, porém, hálito diferente,
Brisa-esperança que entre nós adeja.

Se ainda há crianças em pleno abandono,
Velhinhos pobres, tristes, sem ninguém,
Chegam-nos bênçãos que, vindas do além,
Inspiram as almas durante o sono.

Na má política tem-se um impropério
Que a muitos desilude, desanima.
Trabalho e amor tornam-se a obra-prima
Para que o Cristo erga o Seu grande Império.

A fome agride, é torpe a indiferença,
Fere o terror ante balas perdidas,
Mas, Deus penetra mais todas as vidas,
Inspirando-lhes paz sem desavença.

São quadros tristes de hoje, convenhamos.
As entranhas das massas estão doentes,
E os que gritam seus gritos, estridentes,
Contam só com a ação que ora começamos.

É a ansiedade, no íntimo instalada,
Que contribui com todo o desalento;
Poucos conduzem Deus no pensamento
Para implantarem luz na própria estrada.

Nosso Brasil é campo de esperança,
Chão de trabalho ativo e redentor.
É celeiro fraternal onde o amor
Sabe cultivar lúcida bonança.

Sob seus céus renascem companheiros
´Inda vincados por sérios gravames.
Porém, já são almas que mantêm liames
Co´esses tempos vindouros, prazenteiros.

Esse país, nas pautas do futuro,
Vivenciará progressos indizíveis,
Sob as ações dos Anjos Invisíveis,
Que o tirarão do lodo denso e escuro.

Mantém, irmão, a tua ação convincente,
A serviço do bem como puderes.
Tudo demora, mas, se tu quiseres,
Faremos um Brasil bem diferente.

Sobre o seu solo amado renascemos,
Por dádiva temos o Espiritismo,
Para crescer nas bases do altruísmo,
Na certeza de que, então, venceremos.

Embora os duros embates e lutas,
Ouso um grito que não posso calar:
Sou mais Brasil, e o tempo há de mostrar
O resultado das nobres labutas.

Maus brasileiros sei que vão passar,
E as leis do bem nos bons vigorarão,
Pois, quando o Cristo habita o coração,
Traz como lei: amar e trabalhar.

Quem no Brasil não se sensibiliza
Ante a luz do Cruzeiro, ante o seu povo,
Dificilmente encontrará de novo
Ensancha mais feliz para sua vida.