Necessidade da autoiluminação

Depois que o ser humano desenvolveu o intelecto e a razão deu-se conta que essas conquistas não lhe bastam à existência, porque não o preenchem interiormente.

No vazio existencial que o aturde, desenha-se-lhe a necessidade da autoiluminação, isto é, do autoencontro, da autorrealização.

Esse fenômeno é compreensível, porque a iluminação é o vir-a-ser, o encontro com a realidade, a plenificação íntima.

Confundida com manifestações extrafísicas, tem sido postergada por muitos candidatos, que receiam o envolvimento com a paranormalidade, com obrigações mediúnicas e outras que exigem esforços mentais e morais.

Certamente que, a iluminação é um tentame de natureza espiritual convidando à conscientização em torno da imortalidade.

Ela ocorre quando há uma predisposição psíquica, às vezes, também inesperadamente, qual sucedeu a Buda, a São Francisco e a milhares de outros, acontecendo, de igual maneira, quando o ser se encontra sob imensa emoção, conforme sucedeu com Saulo, ao ver Jesus às portas da cidade de Damasco, ou discretamente, no silêncio da mente e do coração.

Aquele que se ilumina, descobre a vida na sua grandiosidade e experimenta um ilimitado sentimento de compaixão acompanhado de gratidão a todos quantos o precederam, aos contemporâneos e àqueles que virão depois...

Essa fascinante experiência transcende as conquistas do intelecto, caracterizando o despertar do sonho convencional e monótono da vida física e das suas exigências, abrindo espaço íntimo rico de paz e de bem-estar.

Com ela rompe-se a dualidade do ser, na qual o ego e o self  lutam pela primazia, conseguindo harmonizá-los em uma suave identificação de objetivos, em que não mais se combatem, porém se unem na mesma finalidade existencial.

É o exemplo das células que estão sempre ativas, mas que não trabalham exclusivamente para elas mesmas, senão para o conjunto orgânico, perpetuando-se na mitose até o momento da consumpção pela morte biológica.

Esse é o instante significativo da expansão do amor, que passa a movimentar-se além do estreito círculo do ego e do si mesmo, para servir à sociedade no seu conjunto, contribuindo com harmonia e bênçãos outras de solidariedade e bem-estar.

Com a iluminação adquire-se sabedoria, esse estágio que vai além do conhecer, alcançando o altiplano moral do ser, do encontrar-se no mundo com todos e não estar amordaçado nem aprisionado a ninguém.

Torna-se, aquele que se ilumina, mesmo que o não deseje, observador da própria consciência, dilatando-a e utilizando-a para a compaixão e o amor.

Transformando-se em conhecedor do que lhe sucede e acontece em volta, supera as paixões emocionais, os interesses egoístas e equilibra-se, qual se estivesse detendo a atenção em uma flor, na magia da sua realidade e do seu perfume, procurando entendê-la. . .

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De alguma forma, a fim de que a iluminação ocorra, é necessário que seja alcançado o estado de inocência, a superação das suspeitas e dos vícios, a modificação de estruturas e de conceitos morais.

Não se trata da conquista de uma inocência qual a que existe nas crianças, que é ignorância a respeito das coisas, mas a anulação da malícia, das intenções dúbias e invejosas.

O sábio é inocente, bem diferente, no entanto, de uma criança, que ignora quem é, o que deverá fazer, por que se encontra na Terra...

À medida que cresce, perde essa inocência, enquanto que o sábio, quanto mais transcorre o tempo mais inocente, mais feliz, mais confiante se apresenta.

O ego torna-se diluído no ser profundo, e não existe nele tormento nem ansiedade.

Nesse estágio não teme o futuro, não sofre as recordações do passado, não se aflige com a chegada da velhice e muito menos com a perspectiva da morte.

A autoiluminação é também a mais eficaz maneira de compreender os outros, porque o indivíduo se conhece a si mesmo, após haver descoberto de onde veio, para onde vai e como alcançar o novo patamar da felicidade.

Quando a inteligência se torna capaz de alcançar um conhecimento mais elevado e poderoso do que aquele que é fruto da reflexão, o campo está preparado para a autoiluminação, que pode surgir como um relâmpago ou ser alcançada suave e delicadamente.. .

É imprescindível que se aplique todo o empenho para a conquista da autoiluminação, que se transforma na identificação da Verdade, na compreensão sobre Deus, em que o raciocínio cede lugar à intuição, à captação plena do Pensamento Cósmico.

O ser iluminado compreende que não se pertence e que todo o esforço em favor do próximo e do mundo no qual se encontra, faz parte da sua vida.

Quando Jesus disse que o Reino dos Céus está dentro de nós, acenou com a possibilidade de que, a partir da autoiluminação, o indivíduo já penetrou nele e passa a fruí-lo.

A iluminação não tem limites, porque o seu campo de expansão é o infinito.

Graças a essa conquista, alcança-se um estágio mais elevado de compreensão que traduz de maneira incomum a beleza do existir e do evoluir.

Pode-se afirmar que a finalidade precípua da existência corporal é a conquista dessa admirável experiência.

Não se suponha tratar-se de algo inalcançável, que somente assim o é para quem se contenta com a existência sensualista, trabalhada nas paixões servis e nos prazeres entorpecentes dos órgãos sensoriais.

A autoiluminação rompe essa barreira impeditiva.

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Desperto para a realidade da vida imortal, o candidato à iluminação interior avança trabalhando os sentimentos, desenvolvendo a compaixão pela vida e por todos os seres sencientes de forma que o amor domine as paisagens do coração.

Centraliza o teu pensamento em Jesus, e mesmo sem afastar-te dos deveres que te dizem respeito junto à família, à sociedade e ao próximo, trabalha-te na expectativa da autoiluminação.

Após experimentá-la, nada mais te perturbará, facultando-te entender o estado numinoso, de graça, de samadi, de Reino dos Céus.

 



Joanna de Ângelis
(Página psicografada pelo médium Divaldo Pereira Franco
na noite de 03 de junho de 2009 em Assis, Itália.)

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