Sentimentos perversos
Sentimentos perversos

Dentre os remanescentes do processo evolutivo, permanecem, não raro, no indivíduo, os sentimentos do ódio e da vingança, como heranças doentias das experiências vivenciadas no passado.

Defluentes, talvez, dos mecanismos de defesa da vida, tornam-se seus algozes, portadores do bafio pestilento da violência, que deveria ter ficado nos dias já remotos do ontem...

Atestando a vigência do primarismo em que ainda se encontra o Espírito, constituem emoções perversas que devem ser combatidas com os admiráveis instrumentos da compaixão e do olvido.

O ódio é portador de energia destrutiva que perturba, inicialmente, aquele que o cultiva, terminando por fazê-lo sua vítima preferencial.

A ele devem-se muitos distúrbios de variada complexidade, como problemas no trato digestivo, no fígado, nas funções cardíacas, nos delicados tecidos emocionais, contribuindo para situações penosas que culminam, produzindo a desdita pessoal.

O ódio é emanação morbífica da herança destrutiva que remanesce em a natureza humana.

Prolongado, transforma-se em cárcere estreito e asfixiante que esmaga o ser, apresentando-lhe a saída falsa pela porta da vingança, mediante a qual desforça-se daquele que lhe constitui o motivo da reação asselvajada...

A irracionalidade do ódio patenteia-se através da ilusão da prepotência, filha espúria do egoísmo que não se permite qualquer contrariedade, admoestação, contradita...

A semente do ódio fecunda-se com facilidade no solo das emoções em desconserto.

Toda a ira acumulada que se equipa de energias vigorosas para o revide, desgasta a maquinaria orgânica de quem a experiencia, destrambelhando as delicadas engrenagens internas.

Buscasse entender, todo aquele que se sente incompreendido ou vitimado por outro, que isso ocorre, porque o opositor encontra-se infeliz, seja por conflitos psicológicos, seja por dificuldades de vária gênese, merecendo mais a compaixão do que o ressentimento...

A mudança de atitude mental, não se permitindo os caprichos infantis da aceitação por todos, contribui expressivamente para que o desequilíbrio não se instale com a força da cólera.

Assim procedendo, torna-se mais exequível viver em paz, mesmo quando ocorrem à volta situações perturbadoras.

De igual maneira, ocorre com os sentimentos morais.

Males inumeráveis para a sociedade procedentes dos indivíduos, originam-se no cultivo do ódio, que se faz irracional, perverso, e conduz à alienação.

Acontecem, na Terra, crimes hediondos que são gestados no ódio, covardemente cultivado desde a infância como em outros períodos da existência.

De maneira idêntica, o desejo de vingança combure os delicados mecanismos psíquicos e emocionais.

Transforma-se em monoideia, porque as aspirações passam a girar em torno da sua mórbida programação, após culminada, o revel dá-se conta da sua inutilidade e prejuízo, porque o sentido existencial desaparece, dando lugar a amarga frustração.

Esses sentimentos perversos – o ódio e a vingança – devem ser trabalhados com tenacidade e diluídos, dando lugar às emoções positivas da piedade e do perdão defluentes do amor

*

 O mundo, a grande escola, tem sido o campo experimental para o exercício dos sentimentos nobres, aqueles que dão vida, que fomentam a vida, que trabalham em favor da vida.

No turbilhão das suas ocorrências, felizes são aqueles que atravessam os vales das aflições fitando e avançando na direção dos montes da sublimação que devem ser galgados.

Não houvessem desafios e choques, e nenhum sentido existiria na vilegiatura carnal.

Enquanto o ódio e a vingança armam as criaturas umas contra as outras, a compaixão e a misericórdia facultam que se amem umas às outras.

As guerras hediondas e o terrorismo cruel nascem do ódio que se desenvolve no caldo de cultura dos preconceitos, do despeito, da inveja, dos conflitos de inferioridade que se transformam em algozes impenitentes da sociedade.

Trata-se da predominância da natureza animal sobre as conquistas de natureza espiritual que deveriam viger na fase da razão e do discernimento do ser, em processo de libertação das faixas primárias.

Permanecem, porém, e somente destroem, porque a sua é a saga da desdita e da violência.

Enquanto isso, o amor silenciosamente dulcifica as vidas que se lhe entregam, descobrindo no sacrifício a meta abençoada a ser alcançada.

Desse modo, o antídoto aos sentimentos mórbidos, é o amor no seu elenco de expressões, tais a amizade, a ternura, a bondade, o espírito solidário, a afeição profunda, que são capazes de conduzir ao holocausto pela preservação da harmonia e do bem na face da Terra.

À semelhança de lírio alvinitente flutuando perfumado acima do charco, torna-se o objetivo essencial da existência humana.

No ser humano brilha a sublime centelha de Deus, que deve ser mantida com os recursos da afetividade superior.

Quando aumenta a sua potência, derrama bênçãos em volta, apagando as sombras teimosas do primitivismo ancestral.

Não foi por outra razão que, recordando a interrogação profética, Jesus recordou-nos: - Não foi dito que sois deuses?

*

Tudo conspirava, naquele cenário de hediondez e criminalidade orquestradas pelo ódio e pela vingança contra Ele.

A sordidez armara os odientos que desejavam vingança em relação ao Seu amor.

Todos quase O abandonaram, receosos e abatidos, e Ele viu-se a sós, porém, com Deus, e aparentemente vencido pelos sicários da Humanidade, no momento extremo com inexcedível amor, exclamou: - Perdoai-os, meu Pai, pois que eles não sabem o que fazem.

A partir daquele momento, o ódio e a vingança passaram a ceder lugar ao amor e ao perdão, que um dia triunfarão no ser humano, tornando-o, realmente feliz.

 

 
 


Joanna de Ângelis
(Página psicografada pelo médium Divaldo P. Franco, na reunião mediúnica da noite de 26 de dezembro de 2011, no Centro Espírita Caminho da Redenção, em Salvador, Bahia.)

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