Rufino Juanco

Don Rufino Juanco tem uma biografia muito interessante desde seus primeiros dias de nascimento, no povoamento de Garayoa, província de Navarra, Espanha, em 16 de novembro de 1875.

 

Cursa seus estudos em Pamplona.

 

Tem em sua alma um sentimento humanístico, uma notável nobreza profunda que pugna por manifestar-se em benefício da humanidade.

 

Umas vezes com menção honorífica em seus estudos, outras com felicitações e sem faltar algumas vezes as réplicas de seus mestres que sabem, é possuidor de dotes pouco comuns nos demais.

 

Vai terminar sua carreira sacerdotal.

 

Deve ordenar-se perante o júbilo de seus superiores.

 

Mas, um acontecimento faz modificar o rumo de sua vida.

 

É enviado ao México em missão precurssora de sua Ordenação Sacerdotal.

 

Viaja.

 

Conhece a província mexicana. E no transcurso desse tempo, chega a ser amigo familiar do Bispo de Puebla. Logo, ocasionalmente, estando em férias em San Luis Potosi, a vida o põe em contato com um Colégio Wesleiano.

 

Seu espírito ávido de conhecimento, não desdenha nenhuma opinião. Nenhum ponto de vista contrário aos seus ideais, daí que aceita e se interessa pelo conteúdo desta Religião que, em sua essência, leva o sentimento de cristandade.

 

Alguém descobre que seu cérebro é prodigioso, aprende depressa, tem fácil expressão, eloqüência, firmeza e rigor. Convidam-no a freqüentar o templo, a aceitar uma cátedra no Colégio. Ele aceita sem demora.

 

Que maravilhosa oportunidade aquela! Magnífica oportunidade para desenvolver a oratória e conduzir as almas no caminho da perfeição. O Evangelho, para ele, é fácil de aprender, memoriza versículos; domina a oratória delicadamente enriquecida com o verbo de sua cultura e sua eloqüência.

 

Ao pronunciar os versículos, a interpretação que ele dá é outra, encaminhada ao seu critério e superior ao que outros lhe indicam.

 

Assim não convém aos interesses dos Mestres e tem, então, que abandonar seu ministério.

 

Continua sua marcha e seu destino.

 

Vai daqui para lá, em busca da Verdade, tratando de satisfazer inquietudes que carrega seu espírito sempre inquieto.

 

É agora, Ministro de outra igreja protestante na cidade do México.

 

Certo dia, ao terminar sua pregação deve fechar o templo e descobre duas senhoras, humildes, de idade madura. Não se vão. Esperam algo. Ele, com atenção, interroga-as, dizendo-lhes que é hora de fechar, que o serviço já terminara.

 

"Sabemo-lo, porém, esperamos pelo senhor."

 

Então, lhe manifestam que o esperam para convidá-lo a ir a um Centro Espírita. Ele não sabe o que é e elas lhe explicam, conduzindo-o à reunião.

 

Como é homem amante do saber, aceita. E vai, pela primeira vez, a um Centro Espírita.

 

Não compreende o fenômeno. Nada sabe.

 

Com muitas interrogações em sua mente, abandona o recinto, confuso e pensando que aquelas pessoas são ignorantes e estão equivocadas. Porém, ali mesmo, conhece Dom Victor Del Villar que o convida para suas sessões na cidade de Cuautla, Morelos.

 

Ali conhece a família Villar, sobretudo a Sra. Matilde R. de Villar, esposa de Dom Victor.

 

"Nunca conheci família de maior convicção espírita", - dizia.

 

Assiste às reuniões, estuda incansavelmente, penetra na essência profunda do Espiritismo e, por convicção, declara renunciar ao seu ministério sacerdotal.

 

A partir de então, converte-se no mais assíduo estudante espírita. Estuda as obras de Kardec.

 

Convencido, observa, analisa, raciocina e prega a verdade descoberta, essa verdade que, por muitos anos, sem sabê-lo, sua alma buscava, inquietamente.

 

Ocupou, em várias ocasiões, a Presidência da Federação Espírita.

 

Sua oratória percorreu as tribunas dos Centros. Sua pena foi fecunda, seu verbo resplendia beleza oratória e sentimento.

 

Através dos campos e cidades, em cartas e periódicos, deu a conhecer, a todo o mundo, especialmente no México e na América, seu pensamento.

 

Junto a um punhado de homens, silenciosamente prepara uma nova organização. Muitos o secundam.

 

E, um dia, depois de uns anos de trabalho, surge o que é hoje a "Central Espírita Mexicana".

 

Sua fundação realizou-se em 15 de abril de 1950.

 

Conta já com 78 anos de idade.

 

E como se o Bem Infinito houvesse assim querido, quando começa a regozijar-se por sua crescente obra, saiu deste mundo.

 

Ninguém o esperava. Só ele que, um mês antes, pessoalmente, em homenagem que o "Centro Paz, Unión y Progreso", dedicou em comemoração de seu natalício, em 9 de novembro, pressente sua desencarnação: fala da morte e nos dá a conhecer o próprio epitáfio:

 

"Esta é a porta da azul morada;
muitas vezes cruzaste seus dintéis.
Oh, alma, a um grão de pó acorrentada!
Seu corpo se converte em pó, em nada,
enquanto que na outra margem,
o celeste viajante solta o remo,
abandona a barquinha, e
segue alegre seu caminho!..."

 

Dias depois, em 7 de fevereiro de 1953, exalava o último suspiro.


Dados extraídos da Revista Alborada, janeiro de 1971, México
Fonte:Rumo às estrelas, ed. IDE, 1992.

© Federação Espírita do Paraná - 20/11/2014