Bicentenário de Nascimento de Allan Kardec I
O ano de 2004 será demarcado por multiplicadas homenagens em todo o Mundo Espírita, recordando os duzentos anos de nascimento de Hippolyte Léon Denizard Rivail, cognominado Allan Kardec.

Para os que somos vinculados ao Espiritismo, é sobejamente conhecido de seu nascimento na cidade dos mártires, Lyon, em 3 de outubro de 1804, seus estudos em Yverdun, com o célebre Jean Henri Pestalozzi, sua saga de pedagogo reconhecido em seu país e fora dele.

No intuito de prestar honras ao insigne Codificador da Doutrina Espírita, o Jornal Mundo Espírita inicia uma série de artigos e notas, buscando mostrar as facetas nem tanto conhecidas de Kardec, algumas curiosidades, as viagens doutrinárias, algumas de suas notas mais relevantes.

Neste primeiro, desejamos trazer aos leitores alguns dados físicos e psicológicos da célebre figura cujas fotos, e são bem poucas, o retratam de forma sisuda, muito austera.

Anna Blackwell, a tradutora das suas obras para o inglês, assim o descreveu: Pessoalmente Allan Kardec era de estatura média. Compleição forte, com uma cabeça grande, redonda, maciça, feições bem marcadas, olhos pardos, claros, mais se assemelhando a um alemão do que a um francês.

Enérgico e perseverante, mas de temperamento calmo, cauteloso e não imaginoso até a frieza, incrédulo por natureza e por educação, pensador seguro e lógico, e eminentemente prático no pensamento e na ação.

Era igualmente emancipado do misticismo e do entusiasmo... Grave, lento no falar, modesto nas maneiras, embora não lhe faltasse uma certa calma dignidade, resultante da seriedade e da segurança mental, que eram traços distintos de seu caráter.


Nem provocava nem evitava a discussão mas nunca fazia voluntariamente observações sobre o assunto a que havia devotado toda a sua vida, recebia com afabilidade os inúmeros visitantes de toda a parte do mundo que vinham conversar com ele a respeito dos pontos de vista nos quais o reconheciam um expoente, respondendo a perguntas e objeções, explanando as dificuldades, e dando informações a todos os investigadores sérios, com os quais falava com liberdade  e animação, de rosto ocasionalmente iluminado por um sorriso genial e agradável, conquanto tal fosse a sua habitual seriedade de conduta que nunca se lhe ouvia uma gargalhada.

Entre as milhares de pessoas por quem era visitado, estavam inúmeras pessoas de alta posição social, literária, artística e científica.

O Imperador Napoleão III, cujo interesse pelos fenômenos espíritas não era mistério para ninguém, procurou-o várias vezes e teve longas palestras com ele nas Tuileries, sobre a doutrina de “O Livro dos Espíritos”.
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No dizer do Espírito Francisco de Paula Vitor, Allan Kardec, missionário grandioso de Jesus, além do legado esplendoroso que a Codificação Espírita representa, ensina a todos, por meio de uma vida sóbria e profunda, a cumprir deveres e atender a missão que, em verdade, o Criador confere a cada um dos Seus filhos.2

1.DOYLE, Arthur Conan. Espiritismo francês, alemão e italiano. In:___. História do Espiritismo. São Paulo: PENSAMENTO. cap. XXI.
2.TEIXEIRA, J. Raul. Missão e dever. In:___. Vida e mensagem. Pelo Espírito Francisco de Paula Vitor. Niterói: FRÁTER, 1993. cap. 24.
Revisado em 11.4.2017.

© Federação Espírita do Paraná - 20/11/2014