O Espiritismo no Paraná (2)

(Artigo do jornal Mundo Espírita de 18/04/1957 de autoria provável de Francisco Raitani)


Antecedentes históricos

 

Antes de existir a Federação Espírita do Paraná, já em nosso estado, principalmente em Curitiba, se estudava e praticava a terceira revelação.

 

No litoral paranaense, notadamente no município de Paranaguá, talvez pela facilidade de comunicações com outros portos, muita gente conhecia a doutrina e a literatura espíritas e realizava pequenos trabalhos mediúnicos. Na capital, todavia, o trabalho era de maior importância. Por volta do ano de 1890 havia alguns grupos de trabalhos práticos e conheciam-se muitas pessoas de responsabilidade que aceitavam a doutrina, conhecendo bem das relações do mundo físico com o mundo dos espíritos. Mesmo muito antes, em 1870, Manuel José da Costa e Cunha, importante cidadão português, se mostrava integrado no Espiritismo.

 

Fez algumas viagens ao Rio, onde travou conhecimento com os precursores da doutrina, trazendo livros especializados, vertidos para o idioma nacional e os distribuindo entre seus amigos e patrícios. Assim, por volta de 1897, pelo menos dois grupos espíritas funcionavam regularmente: o de dona Maria de Jesus Gonçalves de Araújo, por antonomásia Nha Coluna, nascida em 4 de fevereiro de 1833 e desencarnada em 28 de abril de 1936, nesta capital, e o de que fazia parte Manoel Cunha. (Grupo de Dona Coluna como o do Serrito).

 

A esse tempo militava nas hostes espíritas Dr. Sebastião Paraná, João Urbano de Assis Rocha, Alfredo Caetano Munhoz, Pacífico Guimarães, dona Josefina Rocha, médium de excelentes possibilidades, Paul e Madame Suavê que por sua vez participavam também de um terceiro grupo espírita onde chegaram a obter versos atribuídos ao espírito de Victor Hugo e mais tarde foram publicados em livro sob o título "Les Verités Eterneles" enfim mais de uma vintena de homens ilustres na época entre os quais figuravam Domingos Duarte Veloso, Manuel Pacheco de Carvalho, Antonio Duarte Veloso, João Pedro Schleder e Virgílio Correia.

 

Muitos foram os fatos registrados que tem atestavam pela sua é indiscutível o veracidade a existência de seres desencarnados, outrora habitantes deste mundo, guardando legítima identidade de sua personalidade. Fenômenos de toda ordem, dignos de serem catalogados, com resultados positivos nos casos de curas de males físicos e psíquicos. Constituíam, portanto, essa fase das atividades espíritas em nosso Estado, verdadeiro prelúdio do movimento federativo que encontrou, assim, sólidos fundamentos para se estabelecer com característica de segurança que a sustenta até hoje.

 

Não obstante a falta de organização administrativa, a união dos estudiosos da nova revelação fez escola, realizou um ótimo programa de propaganda da doutrina, fazendo conferências, editando um periódico e realizando assistência social.

 

Dessa forma chegamos assim ao fim desta primeira fase com a escassa documentação que possuímos.


História do Espiritismo no Paraná.

 

Por estranho que pareça é assim que deve ser encarado o histórico do Espiritismo em nossa terra, porque bem pouco se fez até agora entre nós em matéria de Espiritismo que escapasse ao estímulo e influência da Federação Espírita do Paraná.

 

Todavia, justiça é ressaltar a compreensão e cooperação de abnegados confrades de diversas regiões do Estado, que realizaram, coroando esforços da Federação Espírita do Paraná, obras de notável valor, acudindo os necessitados, propagando a doutrina, fundando escolas e hospitais, de maneira a tornar cada vez mais amado o Espiritismo.

 

Põem-se de relevo, nessa benemérita cruzada do bem, Cambé, londrina, Jacarezinho, Ponta Grossa, Rebouças, Curitiba e outras localidades, onde cada qual, na medida de suas forças, se esmera no cumprimento do dever de auxiliar o próximo como é mister. A Federação Espírita do Paraná e núcleos a ela filiados tudo fazem em bem servir o Espiritismo, o que vale dizer em minorar, senão a extinguir, os males presentes.

 

E assim a Federação Espírita do Paraná atinge, neste centenário da publicação do Livro dos Espíritos, cinqüenta e cinco anos de existência, apresentando ao público e, em particular, aos confrades, o histórico de sua fundação e suas realizações mais importantes.

 

Em 24 de agosto de 1902, na sede de uma revista espírita, "A Doutrina", teve lugar a fundação da entidade federativa, com a presença de apenas sete pessoas de boa formação moral e intelectual, que entendiam ser propício o tempo para a constituição de uma associação de intuitos não econômicos, consolidando o trabalho dos antecessores e divulgando sistematicamente o Espiritismo, segundo ensinamento de Allan Kardec.

 

Nascia assim a Federação tendo sua primeira diretoria a seguinte composição: João Urbano de Assis Rocha, presidente; Theodorico Lassala, vice-presidente; Vicente Nascimento, primeiro-secretário; Antônio Guiss, segundo secretário; Manuel Pacheco de Carvalho, tesoureiro e Félix Alves, procurador. Dois sócios que se inscreveram como fundadores e da primeira diretoria, apenas dois ainda estão entre nós.

 

A redação da revista "A Doutrina" está localizada à rua América (hoje rua do Rosário). Ali ficou a sede provisória da federação e a revista passou a ser o órgão oficial da nova entidade.

 

Somente em 14 de setembro teve lugar a reunião para discussão e aprovação dos primeiros estatutos da organização federativa espírita do Paraná e nessa ocasião estiveram presentes e foram considerados fundadores os seguinte espíritas: Domingos Duarte Veloso, Vicente Nascimento, Augusto Correia Pinto, Benedito Viana, Alfredo Alves da Silva, Jesuíno da Silva Pereira, Dr. Sebastião Paraná, João Urbano de Assis Rocha, João Pedro Schleder, Manuel Pacheco de Carvalho, José Lopes neto, Theodorico Lassala Freire, João Alves de Aguiar, Antônio Guiss e Felix Fernandes Alves.

 

Em 1904, tendo como seu presidente Dr. Sebastião Paraná, bacharel em ciências jurídicas e sociais, lente catedrático do Ginásio Paranaense e da Escola Normal, em cujos cargos permaneceu até atingir sua aposentadoria. Passa a fazer parte da federação o Dr. Francisco Ribeiro de Azevedo Macedo, também advogado e mais tarde professor da Faculdade de Direito da Universidade do Paraná e Secretário dos Negócios de Educação. Domingos Greca, também um dos novos integrantes da Federação e membro de sua diretoria, propôs a criação da primeira Biblioteca Espírita de Curitiba. A 31 de outubro desse ano, por motivo da comemoração do primeiro centenário do nascimento de Leon Hippolite Denizard de Rivail, (Allan Kardec), a Federação realizou, em caráter público, na sede da Associação Curitibana dos Empregados do Comércio, uma sessão magna, na qual usou da palavra como orador oficial, Domingos Duarte Veloso, o redator de A Doutrina. Essa reunião, talvez uma das primeiras realizadas no país com o caráter público, contou com a presença de representantes das autoridades civis e militares. Alfredo Caetano Munhoz, ex redator de A Luz, primeira revista espírita publicada no Paraná, e também uma das primeiras a circular no Brasil, solidarizou-se com seus companheiros de ideal pela excelente demonstração de crença.

 

Em 1906, alguns fatos foram dignos de registro. Pois até esse ano já contava a Federação com a colaboração de novos elementos, dentre os quais podemos citar os seguintes: José Lopes Neto, tenente Alcebíades Plaisant, Jesuíno Ribas, major Júlio Ribeiro de Campos, Antonio Leodoro da Silva, que faziam parte de comissões e atuavam nos setores doutrinários.

 

Já havia sido criada a assistência judiciária e levada a palavra doutrinária para fora do município da capital. Com a presença de Lopes Neto na diretoria da Federação, graças aos esforços de seus abnegados colaboradores, adquire o primeiro terreno para construção de sua sede. A esse tempo, o doutor Nilo Cairo, um dos fundadores da Universidade do Paraná, nome respeitado e venerado até nossos dias, oferece-se para prestação de serviços médicos à pobreza através da assistência médica organizada pela Federação. Romário Martins, membro da Câmara Municipal de Curitiba, consegue que a Prefeitura da Capital conceda um terreno localizado no alto do São Francisco para a Federação construir sua sede social e assim pela lei nº 186 de 20 de julho de 1906, é sancionado o ato do Legislativo Municipal, pelo então prefeito coronel Joaquim Monteiro de Carvalho e Silva. A 3 de outubro é lançada a pedra fundamental da futura sede social. Em 1907, o grupo do Serrito, que tinha à sua frente a figura de dona Maria de Jesus Araújo (Nha Coluna), passa a servir a sede para a federação até 6 de outubro quando teve lugar a inauguração do novo edifício.

 

Nessa data, com os festejos de comemoração do centésimo terceiro aniversário da encarnação de Allan Kardec, é colocado no salão nobre um retrato a óleo de Jesus Cristo, executado pelo pintor e grande artista Alfredo Andersen, que o baseou numa efígie existente no Vaticano e que fora gravada em um anel enviado da Palestina à Tibério César, quando este teria pretendido a presença de Cristo e para curá-lo de enfermidade renitente.

 

Em 1908, quando já inúmeras sociedades desta capital e do interior do estado haviam se congregado em torno da Federação, esta contando com a colaboração de mais alguns espíritas adquire nova orientação e organização administrativa e novos estatutos passando a ser dirigida por um poder denominado Comissão Central Permanente, (folhas 25 e 26 do segundo livro de Atas), com doze membros efetivos, assumindo a presidência João Pedro Schleder e a secretaria Lopes Neto. Em 3 de outubro, encontrando-se na presidência José Lopes Neto, reúne-se, em Curitiba, o 1º Congresso Espírita Paranaense, que conta com o comparecimento de grande número de espíritas e debate matéria de interesse geral da doutrina, louvando as normas estabelecidas pela Federação para trabalhos espíritas e propaganda do Espiritismo. Em 1911 Lopes Neto, contando com Antonio Vieira Neves na tesouraria, assume a presidência da Federação. Em 1910, a Federação adere à Confederação Espírita Latino-americana, com sede no México; faz circular como órgão oficial "Monitor Espírita", sob a direção de seu presidente; cria a caixa de socorros, (a assistência aos necessitados, mantida pela federação), tendo sido designado para seu tesoureiro o confrade Manuel Antônio Ferreira da Cunha, hoje velho general reformado do exército brasileiro e a quem a Federação ficou a dever inestimáveis serviços.

 

Em 1911, ainda sob a presidência de Lopes Neto, que contava com a colaboração eficiente de excelentes médicos, entre os quais Alfredo Alves da Silva e, no setor assistencial, de João Huy, Antônio Vieira Neves já consagrado servidor e de Manuel Antônio Ferreira da Cunha, é convertido o trabalho inicial pró-fundação de um sanatório para obsidiados em campanha para a construção de um albergue noturno em Curitiba.

 

É nesse ano que a federação recebe a visita do grande tribuno espírita Dr. Manoel Viana de Carvalho, emérito professor da escola militar, que realizou várias conferências na sede da Associação dos Empregados do Comércio, no Clube Cassino Curitibano e Teatro Palácio.

 

Em 1912, a Federação inicia demarches para a sua filiação a Federação Espírita Brasileira e passa a contar entre seus colaboradores com Arthur Lins de Vasconcellos Lopes que, desde logo, assume encargos diversos, entre os quais o de redator de "Monitor Espírita". Romário Martins, então deputado estadual obtém, através da lei nº 1218, um auxílio de três contos de réis para as obras do albergue noturno. Concretiza-se a filiação à Federação Espírita Brasileira e em junho iniciam-se as obras do primeiro albergue noturno, sob a orientação da comissão presidida pelo então major Manoel Ferreira da Cunha, e colaboração técnica do engenheiro militar, capitão José Ozório, que veio a desencarnar, depois de alcançar os mais altos postos da hierarquia militar.

 

Em 1914, com José Nogueira dos Santos, Lins de Vasconcelos e outros novos companheiros em seu seio, a Federação inicia a construção de nova sede à rua Saldanha Marinho onde se encontra a até esta data, por ter cedido ao município, por desapropriação, a que possuía no alto de São Francisco. Muitos centros continuaram a se formar para a propagação e prática do Espiritismo, entre eles "Paz e Luz" em Paranaguá, "Mensageiros da Paz" em Curitiba, "Fé, Esperança e Caridade" de Entre Rios, e sobre outras denominações em vários municípios do interior. Também a Federação envia um longo trabalho para ser apresentado ao Congresso alemão, de médiuns reunido em Manheim.

 

Em 1915, substituindo Lopes Neto na presidência da Federação, toma posse o professor José Nogueira dos Santos. João de Barros Neto assume a direção do Albergue Noturno inaugurado em 11 de abril e José Leprevost e Pedro Eugênio de Freitas passam a constituir a comissão preparatória do 2º Congresso Espírita. Por ocasião da inauguração do Albergue Noturno, que se deu com a presença do general Carlos Cavalcanti, presidente do Estado do Paraná, foi constatada a envergadura do trabalho realizado por Manuel Antônio Ferreira da Cunha o qual por seus assinalados serviços recebeu o título de presidente honorário da Federação Espírita do Paraná tendo em vista que se ausentava desta capital para residir na Capital Federal.

 

Em 1916 a 1917, agora na presidência Flávio Ferreira da Luz, enquanto José Lopes Neto, auxiliado por José Leprevost e outros asseguravam o setor mediúnico, sempre pródigo desde seus primórdios em benefício os mais acentuados, mormente aos que desiludidos da medicina oficial encontravam uma porta a mais para suas esperanças, recebia a contribuição de Romão Rocha, de Álvaro da Silva Azevedo, de Joaquim Nogueira e do jovem Luiz Parigot de Souza, mais tarde doutor em medicina e extraordinário médium de efeitos físicos. Ainda nesse último ano a Federação recebe a solidariedade de José Henrique de Santa Rita, juiz de direito da Capital.

 

Em 1918, tendo na presidência Flávio luz, Lins de Vasconcelos na secretaria e Antonio Duarte Veloso, passou a contar com a colaboração de Sebastião Barbosa Gondim, João Eugênio Justen e muitos outros confrades.

 

Em 1919 a 1921, teve lugar a fundação do Hospital Espíritas que resultou na existência atual do sanatório bom retiro, inaugurado em 1945 e que recebeu a maior parcela de esforços de Antônio Borges de Moura, Lins de Vasconcelos, João Ghignone, Luiz Parigot de Souza, Domingos Greca, Carlos de Ferrante, Abibe Isfer e mais alguns nobres corações cujos nomes ignoramos.

 

Tendo à frente de sua direção em 1921 o doutor Flávio Luz, conta já em seu seio como colaboradores João Ghignone que em julho assume a direção do Albergue Noturno: Antônio José Farracha; Domingos Greca; Lins de Vasconcelos; José Nogueira dos Santos e Eliseu Amadeu dos Santos.

 

Em 1923, assume a presidência da Federação Arthur Lins de Vasconcelos Lopes, que leva como colaboradores de diretoria Pedro Augusto Pereiron, de há muito emprestando a sua colaboração e José Nogueira dos Santos, que ocuparam os cargos de primeiro e segundo vice-presidentes. Com Sebastião Barbosa Gondim, à frente do Albergue Noturno, Sotero Ângelo, Amador Ferreira, Teófilo Cabral, Luiz Parigot de Souza e outros nos diversos ramos da administração.

 

Em 1925, estando na presidência da Federação Arthur Lins de Vasconcelos Lopes, toma posição contra a instalação, à custa dos poderes públicos estaduais, de dois bispados católicos. Pessoalmente os confrades Lins de Vasconcelos, Flávio Luz e professor Dario Veloso sofreram mesquinhas perseguições do governador de então, em virtude de exercerem eles função pública estadual. Foram também processados, porém absolvidos pelo Superior Tribunal do Estado.

 

Em 1927, volta Flávio Luz à presidência, passando Lins à segunda vice-presidência.

 

Em 1929, volta à presidência Lins de Vasconcelos com assistência de José Nogueira dos Santos na vice-presidência e Antônio Borges de Moura, Olegário Ayres Arruda, Jacob Holzmann, João Antonio de Barros neto, Sebastião Barbosa Gondim, Domingos Greca, Flávio Luz e outros. Nesse ano muito foi realizado em diversas funções administrativas, pelo presidente, relativamente aos setores doutrinários.

 

Em 1930, já em janeiro, motivos superiores determinaram o afastamento de Arthur Lins de Vasconcelos Lopes desta capital e pela mesma razão é aceita sua renúncia de presidente da Federação Espírita do Paraná. Considerando os inestimáveis serviços prestados à causa do Espiritismo, por proposta de Flávio Ferreira da Luz, é criado o cargo de presidente honorário da Federação e conferida essa honra ao insígne colaborador. É então eleito presidente José Nogueira dos Santos, que se faz acompanhar de Flávio Ferreira da Luz como o primeiro vice-presidente e João Ghignoen como segundo vice. Sebastião Barbosa Gondim vai então para a tesouraria, enquanto a secretaria é entregue a Augusto Curial.

 

Em 1931, a Federação ampliou seu quadro social e passou a receber novos colaboradores como Abibe Isfer, João pina, Antonio Viegas Pereira, João Eugênio Justen, Clotário Carvalho Cruz, Humberto Loyola e outros. Em 1938, quando o Paraná espírita já contava com a colaboração de João Leão Pita, abnegado servidor da doutrina e que percorreu todo o estado em pregação doutrinária, até 1952, foi por proposta do mesmo criada a Escola de Espiritismo para Crianças sob o nome de "Discípulos de Jesus". Nesse ano estando a presidência com João Ghignone vai para o conselho permanente Abibe Isfer, enquanto a secretaria é assumida por Gui Mourão..

 

De 1933 a 1936, viu-se a Federação impedida da colaboração administrativa de dois de seus dedicados amigos, Flávio Ferreira da Luz e José Nogueira dos Santos, os quais foram aclamados membros honorários do Conselho Deliberativo, como penhor para os seus inestimáveis serviços. A esse tempo passam a integrar o Conselho os espíritas João Pina, Humberto Loyola e Francisco Raitani.

 

Entre 1937 e 1938, são incluídos no conselho Primo Crolante, Carlos de Ferrante e Otávio Cruz, ao mesmo tempo que Sebastião Barbosa Gondim, após 15 anos de bons serviços, deixa a tesouraria geral e o próprio conselho do qual fazia parte. A secretaria passa a contar com a colaboração de Honório Mello, enquanto Lauro Schleder passa a representar sociedade federada.

 

Há um fato que não pode ser olvidado nesse ano de 1938. Em 20 de fevereiro, o Conselho reunido em sessão extraordinária, autoriza o reinício das obras do sanatório "Bom Retiro", mediante empréstimo da importância de 100.000 cruzeiros. É dada ciência dessas resoluções a Lins de Vasconcelos por correspondência particular.

 

Em abril, Lins de Vasconcelos teve oportunidade de comparecer à sessão do Conselho Deliberativo na ocasião de se discutir os meios, para a realização do mencionado empréstimo.

 

Tomando a palavra, Lins declarou ser desnecessário o empréstimo, por isso que ele e sua esposa, dona Hercília César de Vasconcelos, doavam a referida quantia à Federação, para os fins almejados. O magnificente gesto a todos sensibilizou.

 

Em 1939, em plena campanha para o reinício das obras do Sanatório, ascende à segunda vice-presidência Lauro Schleder, enquanto Ernesto Carlberg Filho empresta colaboração e João Hartman novo membro do conselho, passa a dirigir a secretaria. Nesse ano funda-se a Associação Protetora do Recém-nascido.

 

Em 1940 e 1941, agora tendo à frente de sua direção Ghignone, Abibe Isfer e Primo Crolante, respectivamente presidente, primeiro e segundo vices.

 

Em 9 de abril desse último ano, desencarna Antônio Borges de Moura, após um largo período de trabalho e no encargo de fiscal das obras do sanatório. Sua vaga foi preenchida por Honório Mello, que vinha emprestando colaboração efetiva no campo doutrinário.

 

Em 1942, sem qualquer solução de continuidade em sua administração, é criado o departamento de propaganda, com a fundação de um órgão de imprensa, "Boletim Espírita", cuja direção é confiada a Honório Mello. Nesse ano passam a integrar o Conselho da Federação Plínio Schleder de Araújo e Otávio Cruz e a colaborar Aristides José de Morais. Desencarna Domingos Greca, antigo membro da família espírita.

 

Em 1943 e 1944, inalterada a composição da direção da Federação. No mês de outubro de 1944 se realizou uma semana espírita em homenagem a Allan Kardec, contando com a presença de Osvaldo Melo, líder espírita de Santa Catarina e professor Leopoldo Machado ilustre conferencista com um passado de serviços inestimáveis no campo da pregação da doutrina e das realizações objetivas. Em 11 de dezembro, o conselho delibera a realização de um congresso espírita Paraná-Santa Catarina, a realizar-se no ano vindouro, sob os auspícios da Federação Espírita do Paraná e do Centro Espírita "Amor e Humildade do Apóstolo", de Santa Catarina.

 

Em 1945, inicia-se o ano administrativo com a aclamação da mesma direção para o biênio 1945/46. Nos dias 28, 29 e 30 de março tem lugar o primeiro Congresso Espírita Paraná-Santa Catarina e o terceiro já realizado pelo Paraná. Os temas debatidos foram todos de alto interesse doutrinário e recomendação para que fosse promovida pela Federação Espírita Brasileira a reunião de todas as entidades espíritas dos estados, com a finalidade de coordenar, dirigir e propagar o movimento espírita no Brasil e pugnar, pelos meios doutrinários e legais, pela liberdade de consciência. A mesa do congresso contou com a direção de João Ghignone, Osvaldo Melo e Lins de Vasconcelos, ficando a secretaria a cargo de João Hartmann e João Pina. Estiveram presentes representantes de todo o estado do Paraná e de uma delegação de Santa Catarina, da qual faziam parte entre outras pessoas o professor Arnaldo Santiago e Osvaldo Melo. As teses foram apresentadas por Arnaldo Santiago, Osvaldo Melo, Francisco Raitani e Honório Mello, e proposições da mesa diretora e de delegados do interior e da capital, depois de apreciadas, lograram a aprovação unânime.


No dia 31 de março, aproveitando a presença de caravaneiros ao congresso, que deu lugar à inauguração do Sanatório Espírita Bom Retiro, a cujo ato estiveram presentes o doutor Victor do Amaral, magnífico Reitor da Universidade do Paraná, Dr. Alexandre Beltrão, digníssimo prefeito da capital e representantes das autoridades civis e militares, de Mundo Espírita, Centelha Espírita e vários outros periódicos do País, bem como numerosos membros da família espírita paranaense, e Lins de Vasconcelos.

 

Em 1946, funda-se em Curitiba a União da Mocidade Espírita, organização de jovens espíritas. A Federação empresta solidariedade à realização do Congresso Espírita Pan-americano, a reunir-se em Buenos Aires e delega poderes ao coronel Pedro Delfino Ferreira para representá-la. Nesse ano, desencarnam dois prestimosos espíritas, Samuel Ferguson de Medeiros, médium de grandes serviços e esclarecido pregador da doutrina com grande soma de trabalho prestado à causa do Espiritismo e Átila Azambuja, jovem sargento do exército que já havia desenvolvido com profissão de fé, um extraordinário exemplo de verdadeiro servidor do Cristo.

 

Em 1947, reeleita a direção, é criada em janeiro a caixa de assistência ao tuberculoso, como departamento da Federação. A direção da Associação de Proteção ao Recém-nascido passa a ser exercida por dona Maria Souto Pinto, em substituição a dona Marcolina pina, que, por um decênio, deu o mais amplo desenvolvimento ao programa da instituição.

 

Em 1948, recebe a colaboração dele Genaro de Menezes Póvoa e Manuel Alves Quadrado, como delegados de sociedades federadas, e incluído em seu conselho deliberativo o amigo e colaborador Natálio Santos. João Leão pita, em atenção aos seus relevantes serviços prestados à Federação, na pregação do Espiritismo pelo interior do Estado e nesta capital é incluído na categoria de sócio benfeitor.

 

É aprovada a proposta da Federação Espírita de São Paulo, para a convocação de um Congresso Espírita na capital bandeirante. O conselho recomendar nas escolas dominicais, o programa de evangelho para crianças de autoria de Francisco e Caetano. A federação fez-se representar no congresso de unificação espírita realizado em São Paulo, por João Ghignone, Abibe Isfer e Francisco high tanto.

 

Em de 1949, é mantida a mesma direção administrativa. Nesse ano passa a Federação a contar com a colaboração de Daniel Borges dos Reis.

 

Recebe a Federação a visita de uma caravana composta de Carlos Jordão, Ari Casadio e Luiza Peçanha Branco, em visita de fraternidade. Em 24 de abril é inaugurado o Lar Infantil Icléia, casa destinada ao recolhimento de meninas.

 

A 3 de outubro, a reúne-se no Rio de Janeiro o 2º Congresso Espírita Pan Americano, sendo a Federação do Paraná, representada por João Ghignone e Francisco Raitani. Dos assuntos tratados no Congresso e de tudo que se realizou nesses dias, o que maior expectativa despertou foi o estabelecimento do vínculo fraterno-doutrinário entre a Federação Espírita Brasileira e as Federações Estaduais, do que resultou a criação do Conselho Federativo Nacional.

 

Como conseqüência a Federação Espírita do Paraná, que estava afastada da Federação Espírita Brasileira, volta à condição de o órgão federado e designa seu representante junto ao Conselho Federativo Nacional, a Arthur Lins de Vasconcelos Lopes, em cujo posto desencarnou. Em 1950, reúne-se em Curitiba a primeira concentração dos Centros Espíritas do Estado, dando ensejo a que dela participassem elementos de São Paulo e de outros estados vizinhos. A 23 de abril é inaugurado o novo Albergue Noturno e a Creche Bezerra de Menezes cuja inauguração contou com a presença de Lins de Vasconcelos, José Nogueira dos Santos, representações de Sociedades Espíritas e autoridades civis e militares.

 

Em 1951, mantida a mesma direção administrativa da Federação, para o biênio de 1951/52.

 

Em 13 de janeiro é criado o Instituto Allan Kardec estabelecimento destinado ao ensino de vários graus.

 

Em outubro tem lugar a realização do 2º Congresso Espírita do Rio Grande do Sul e a Federação se faz representar por uma comissão, que brilhantemente se desincumbe de seus encargos, tomando parte ativa nas reuniões do certame, reafirmando o equilíbrio de atitudes e realçando excelente conceito de que goza a Federação Espírita do Paraná.

 

Em 1953, tem a Federação estabelecido programa das comemorações do cinqüentenário de sua fundação, mas uma surpresa lhe transforma em parte o trabalho. Arthur Luiz de Vasconcellos Lopes, seu presidente honorário, e a quem a Federação deve soma inestimável de serviço, além de contribuição liberal, desencarna a 21 de março em São Paulo. Embora a desencarnação não represente para os espíritas o mesmo sentido daqueles que não tem como nós certeza de que a vida continua além-túmulo, contudo Lins seria parte das festas programadas em sua honra. Em homenagem ao bom amigo e companheiro realizavamos diversas solenidades, pondo em destaque os seus bons e valorosos serviços prestados à causa do Espiritismo.

 

Com a realização de uma série de conferências, programas sóbrios e festivos realizou-se a comemoração do cinqüentenário de fundação da Federação Espírita do Paraná, contando com a presença do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Distrito Federal, e Francisco Spinelli, Simões de Matos, Paulo Carvalho, Osvaldo Melo, Carlos Jordão, Servillio Maverir, Delfino Ferreira e outros, além da solidariedade das confrarias do interior e da capital e da demonstração de consideração manifestada pela presença das autoridades que honraram as nossas reuniões.

 

No olhar retrospectivo pelo desenvolvimento do Espiritismo no Paraná temos a assinalar os movimentos realizados através dos esforços empregados por um pugilo de companheiros verdadeiramente integrados de corpo e alma na causa do bem comum.

 

Assim, sem desmerecer de qualquer obreiro anônimo, começamos pelo desbravamento praticado pelo incansável João Leão Pita, ardoroso pregador que percorreu as regiões mais inóspitas de nosso Estado, estimulou, pregando a doutrina, através sua abnegada batalha de pregação do Evangelho sob as luzes do Espiritismo, a muitas centenas de criaturas e foi no seu constante labor um digno colaborador da Federação Espírita do Paraná.

 

Em Ponta Grossa, no decurso de quase cinqüenta anos de lutas, a Doutrina encontrou no vigor de alguns moços e no espírito de serviço de muitos companheiros da velha guarda, a almejada colaboração para que fosse colocado bem alto o valor do Espiritismo. Assim, se de um lado através de um Henrique de Matos Guedes e de um Joanino Sabatela, com o auxílio de elementos da família Holzmann, houve um passado digno de respeito para figurar na história do Espiritismo de nosso Estado, menor não é o patrimônio destes últimos cinco lustros em que se pode dizer sem medo de errar que o movimento espírita é liderado pela Sociedade Espírita Francisco de Assis, organização modelar com um passado de mais de trinta anos de atividades e que há mais de dez anos vem sendo dirigida por uma plêiade de servidores, tendo à sua frente a figura humilde, porém vigorosamente cristã de Álvaro Holzmann. O movimento moço tem contado com a decidida cooperação de João Haddad, Guaracy Vieira, Licurgo Negrão e outros, cujo esforço não se têm restringido apenas à união da mocidade local.

 

No litoral, se bem que nem todas as circunscrições haja a mesma intensidade, temos a destacar em Morretes o traço característico da boa orientação dada a nosso movimento pela figura incansável de Antônio José Gonçalves Filho, o verdadeiro propagandista pela ação e pelo exemplo dignificantes do que é realmente o Espiritismo. A organização espírita de Morretes, que contou com a semente vigorosa deixada por Antônio Mattos, tendo como colaboradores entre outros o trabalho ardoroso de dona Maria da Costa Pinto e um velho companheiro hoje retido ao leito de dor Augusto Borba, está firmemente norteado pela pelos coadjuvadores de Toni Gonçalves, entre os quais citamos nosso ex-conselheiro Aristides José de Morais que para ali se transferiu há mais de três anos e Edmundo Bitencourt e José Daher, além de outros servidores.

 

Em Paranaguá, contando há mais de dez anos com o trabalho eficiente de Renê Rizental, Antônio Morais Pereira da Costa, Pedro Flores, Antônio Laguna, Marcelino Riveles, Ernesto Kossatz, Julieta Kossatz, Paulina Rizental e tantas outras criaturas de mais variados níveis sociais, o movimento prossegue no seu ritmo normal, assegurando os mesmos benefícios de ordem moral que a doutrina leva aos lugares em que as casas espíritas se instalam, do mesmo modo que numa forma mais incipiente Benedito vinha realizando no antigo Centro Espírita Miguel Arcanjo.

 

Antonina, num processo lento, continuam com os colaboradores o seu serviço para não desmerecer o que até que já constituiu emprego de esforço dos que à frente dos Centros Espíritas, tudo deram de si. Com a boa vontade de Gustavo Vidal, Paulo Vidal e outros, a luta prossegue.

 

O norte do Paraná, tanto na parte velha onde se salienta o trabalho de Joaquim Viana de Carvalho a boa semente de terras minerais, como no norte novo, onde a doutrina encontra a figura inconfundível de Luís Piccinin, muito tem a doutrina realizado em todos seus setores. Sofrendo a notável influência das luzes de que Cairbar Schutel irradiava de Matão, essas regiões de nosso estado muito lucraram com o trabalho desse verdadeiro apóstolo do Cristo.

 

Conta o Paraná naquela região, como reunindo o trabalho que lhe foi legado por Antônio Valim em Cornélio Procópio, e hoje mantido por Mozart de oliveira Valim, seu filho, incansável servidor da doutrina. A seu lado, nessa bonita cidade, muitos são os colaboradores que lhe prestam eficiente concurso. Em Cambará, Sertanópolis, Santo Antônio da Platina, o esforço congregado de Pedro Trautwein e dos que lhe estão ligados, dona Inês e de Farto Brito e família França, aliados ao trabalho de dona Maria Cordeiro de Ribeirão do Pinhal, representam ótima parcela de contribuição que o Espiritismo oferece para ajudar a humanidade a emancipar-se do erro.

 

Em Joaquim Távora de há muito vem a doutrina recebendo a colaboração de bons elementos, acentuando-se nesse particular o esforço desenvolvido no Centro Espírita local a que lhe está ligado Antônio Barbosa Lemes. Jacarezinho, atendendo ao impulso bravo de Joaquim Viana de Carvalho, que há mais de 4 lustros desenvolve seu acendrado amor à causa da Doutrina, conta hoje com obra verdadeiramente notável nos arraiais espíritas. Henrique Setti, João Batista Valadão e outras pessoas vinculadas ao movimento têm dado demonstração segura de que quanto amam a Doutrina, pelo muito que têm produzido.

 

Em Cambé, capital espiritual do norte novo, o esforço espírita tem sido coisa notável. O trabalho que dali se irradia e tem sido realizado, constitui verdadeiro padrão de afirmação espírita, em qualquer terreno em que a doutrina possa dar o exemplo de quanto valem e de quanto poderá contribuir para mudar para melhor a orientação do mundo em que vivemos. O serviço fraternista realizado no norte do Paraná e que vai de Cornélio Procópio a Paranavaí, é obra do esforço doutrinário de Cambé, a cuja frente está a figura inconfundível de cristão moderno, Luiz Piccinin. A seu lado, Hugo Gonçalves, discípulo fiel de Cairbar Schutell, mantém aceso o lábaro sagrado da Doutrina, incentivando Rolândia, Arapongas, Apucarana, Astorga, Jaguapitã e demais municípios circunvizinhos a formação de um só bloco de trabalho em prol dos que sofrem e para a libertação das paixões.

 

Em Londrina, não menos é o ardor dos que se encontram à frente do movimento espírita e muito tem sido realizado, através da União Espírita e do próprio Albergue Noturno. Um velho companheiro de ideal Pedro Talarico em demonstração eloqüente de que ao lado dos que querem somente o pão da carne Há os que sentem a necessidade do pão do espírito, iniciou a contribuição economicamente necessária para que o idealizado tomasse forma concreta.

 

Assim, ao lado do vertiginoso interesse que dominam o Paraná novo, para onde a fronha as mais diversas personalidades, brasileiros e todos os recantos do país de estrangeiros de todas as origens também flutua a bandeira da nova relação no mastro portentoso do novo edifício do cristianismo.

 

Paraná fora, na faixa 1 pé em cima das terras roxas, onde se a cultura da rodovia Assis, que o fiel da balança econômica do Brasil, vai se alongar ando até encontrar as divisas do estado bandeirante que as águas que só dá rosas do rio Paraná ou do próprio Paranapanema, também o Espiritismo, a largando os horizontes na crença da imortalidade e ampliando o senso da responsabilidade, prossegue a somar-se invencível a serviço da humanidade.

 

Aqui é Maringá, recebendo contribuição da família Pompeu Jubilei e dos que a está ajudando, ou com a parca contribuição de um José Laurindo na sua insaciável sede de curar todos os doentes que lhe vão em busca; ali é Mandaguari, onde o moço simples, porém de ideais nobres e que se chama Inácio de Carvalho, tudo faz para que o Espiritismo seja na prática o sonho acalentado por de seu Codificador. E assim, de município em município, de cidade em cidade, vai a bandeira da iluminação das consciências encontrando guarida nos corações sedentos do vero amor de Cristo, ao mesmo tempo que responde com a lógica insofismável seus argumentos as maiores dúvidas do ousado Espírito humano. É Paranavaí, é Loanda; Nova esperança ou Mandaguacu, Jandaia do Sul ou Lupionópolis, enfim em todas as direções, a mesma luta e o mesmo entusiasmo, inflamando aqui com André Fernandes, o poeta do sertão ou um Narciso D'Ávis, ali um Antônio Bastos e outros, para promover a esperança no coração do homem e despertar a luz para um sentido mais superior da própria vida terrena.

 

Do gigante campo do norte do Paraná, voltamos nossas vistas ao sul e vamos penetrando por Palmeira, e Irati, Rebouças e União da Vitória, para observar o trabalho perseverante em torno dos mesmos objetivos superiores da vida de relação. Encontrando um velho Peróta, ao lado de uma geração nova que lhe pertence por sangue continua na mesma fé. Um João Laurindo que há mais de quatro lustros vai é o sustentáculo do movimento em seu município e cuja obra assinalada pelo exemplo e pela probidade é o penhor de quanto pode o Espiritismo. E de localidade de localidade, num esforço que aqui se assinala pelo trabalho de alguém que se pode identificar pelo nome e ali fica ignorado entre os terrenos distantes porque os trabalhadores já ultrapassaram as fronteiras da vida terrena, prossegue também no sul a bandeira do Espiritismo até encontrar as divisas do Estado que o separa geograficamente de Santa Catarina.

 

Porém, não finaliza aí a caminhada, nem em Clevelândia e em Pato Branco. Continua a bandeira da cruzada espírita a sua jornada, atingindo Rio Negro, Lapa, Piraquara, Campo largo, Guarapuava, Foz do Iguaçu e novamente chega às confinações do Estado geográfico que delimita ao mesmo tempo o âmbito federativo da Federação Espírita do Paraná e, em cujo seio, em várias localidades, povoados ou lugarejos, os grupos familiares ou organizações de pequeno porte material aliados a São Mateus do sul, São João do Triunfo ou Ipiranga, formam como Carlópolis, Ibaiti, Jataizinho ou Quatiguá, Castro, Reserva ou Imbituva, uma só colméia onde a rainha não é mais do que as operárias.

 

Vem por último a Capital, onde se concentram as maiores obras e como é natural, acompanhando a densidade da população, estão reunidos os setores centrais do movimento.

 

Em Curitiba, no âmbito federativo, por serviços assistenciais e doutrinários são distribuídos nos quatro cantos da cidade: sociedades espíritas Antônio de Pádua, Missionários da Luz, Mensageiros da Paz, Caminheiros do Bem, Ildefonso Correia, Leocádio José Correia, Fé, Amor e Caridade, Capa dos Pobres, e da própria Federação, através a sua sede social, Albergue Noturno, Sanatório Bom Retiro, Creche Bezerra de Menezes, Lar Infantil Icléia e Associação do Recém-Nascido e outros departamentos Federativos.

 

É um trabalho cuja estatística volumosa não comporta este álbum comemorativo. Porém que qualquer pessoa poderá conhecer aproximando-se de uma das sociedades ou serviços mencionados.

 

É lógico, que tudo isso que aí está mencionado foi devido ao esforço e contribuição material e moral de muita gente. Pessoas que deram muito de si para que a obra pudesse agigantar-se.

 

Vem, além da contribuição das sociedades nomeadas, o serviço que não pode ser subestimado, dessa ou daquela sociedade designadamente espírita, não incluída no quadro das que são federadas, como por exemplo o Templo de Estudos Espíritas, o Centro Anita Zippin e mais um número apreciável de Centros e grupos também espíritas e vinculados a federação, mas cujos serviços não tem a no característica permanente de dedicação através das múltiplas fontes que deve constituir esforço obrigatório das sociedades espíritas.

 

Assim chegamos ao fim dessa viagem realizada através do Estado, percorrendo os setores e atividades que caracterizam o Espiritismo. Ficaram fora de citação nomes de muitas sociedades e de muitas pessoas dignas todas dos mais altos encômios. Não foi o propósito de destacar esse ou aquele e olvidar quem quer que seja. Os nomes citados o foram por imposição das descrições, porque estavam ligados aos fatos com as localidades que no dizer vulgar nunca teriam sido espíritas se aquelas pessoas por ali não tivessem passado.

 

Não podemos olvidar a contribuição inestimável daqueles que deram a Federação a soma de seu trabalho e de todo seu lazer. Nas páginas cronológicas se bem possa ser citado o cargo e a função, a permanência e a fidelidade no exercício do posto, não figura a mínima referência aos atos de renúncia e probidade. Se amanhã a posteridade julgar com segurança o trabalho de um João Ghignone ou de Abibe Isfer, que têm consagrado seu tempo a serviço da causa do Espiritismo e mais particularmente da Federação Espírita do Paraná, com investimento de seus recursos morais e materiais em todos os instantes que isso tem sido reclamado, o mesmo não fará um por desconhecer, o que fez um Antônio Borges de Moura, ao lado de Joâo Antônio de Barros neto, Flávio Ferreira da Luz, José Nogueira dos Santos, José Lopes Neto, Josefina Rocha, Sebastião Barbosa Gondim, Luiz Parigot de Souza, Domingos Greca, Maria Ruth Junqueira, Otávio Cruz, Serafina Bernet, Lídia Schitzner, Olegário Ayres de Arruda, Hipólito dos Santos, Joanino Sabatela e inúmeros outros companheiros de ideal que em boa hora foram incansáveis na demonstração de amor à causa.


© Federação Espírita do Paraná - 20/11/2014