Alvaro Holzmann

Nasceu a 23 de janeiro de 1906, na cidade de Ponta Grossa, Estado do Paraná, e desencarnou no dia 15 de fevereiro de 1968.

 

Estudou na mesma cidade com o prof. Padre Lux e o prof. Becker e Silva. Foi também aluno da antiga Faculdade de Farmácia e Odontologia, daquela cidade.

 

Sua maior vocação foi para a música, à qual se dedicou sempre. Fez o curso de piano no Conservatório de Música do Rio de Janeiro.

 

Em Porto Alegre, quando ainda jovem, tomou contato com a Doutrina Espírita e com as obras assistenciais do Albergue Noturno Diaz da Cruz, onde prestou inestimáveis serviços.

 

Em Ponta Grossa, uniu-se à Sociedade Espírita Francisco de Assis de Amparo aos Necessitados, exercendo sua presidência por vários anos, onde desenvolveu seu grande trabalho doutrinário. Colaborou na criação de várias obras assistenciais ligadas àquela Sociedade, como o Albergue Noturno, a Associação Protetora do Recém-nascido, o Lar Hercília Vasconcellos, a Comunhão Espírita Cristã e o Lar da Vovozinhas "Balbina Branco", que foi sempre seu sonho.

 

Álvaro Holzmann foi chamado por alguém de "Esmoleiro do Bem", porque renunciou à carreira de musicista para dedicar-se somente aos pobres, pedindo sempre recursos em toda parte para a manutenção das obras assistenciais ligadas à Sociedade Francisco de Assis.


Levado pelo interesse de orientar as Mocidades Espíritas, dedicou-se, durante alguns anos, a compor músicas e letras baseadas nos textos Evangélicos interpretados à luz do Espiritismo, aproveitando, dessa forma, seu pendor musical. Essas músicas foram compostas com grande carinho, a fim de, não só manter ambiente alegre e sadio nas reuniões dos moços espíritas, como também objetivando fazer com que eles aprendessem a meditar sobre os ensinos de Jesus. Compôs cerca de 200 hinos, dos quais alguns foram gravados em discos, sob o título "O Evangelho cantado à luz do Espiritismo" pelas meninas do Coral do Lar "Hercília Vasconcellos", da cidade de Ponta Grossa.

 

Álvaro Holzmann não viveu somente para a família: dedicou também sua vida aos pobres, à orientação de Espíritos desencarnados e infelizes. Procurou viver sempre modestamente, aproveitando todos os momentos de sua preciosa existência para realizar o que podia em benefício de seus semelhantes, dando assim, exemplo de verdadeiro espírita Álvaro Holzmann era filho do venerando e saudoso casal Dona. Maria Joana e Sr. Jacob Holzmann, o valoroso fundador do DIÁRIO DOS CAMPOS, e nasceu nesta cidade no dia 23 de janeiro de 1906. Era casado com dona Juracy Martins Holzmann e deixa os seguintes filhos: Alvaci Holzmann, funcionário do Banco do Brasil, casado com dona Míriam Pacheco Holzmann; Ronaldo Holzmann, casado com dona Neiva Holzmann; dona Mariasilvia Holzmann Pereira, casada com o Sr. Hermenegildo Pereira Maia e Alvacelia, solteira.

 

Álvaro Holzmann fez seus estudos em nossa cidade na Escola do saudoso Professor Padre Lux e depois foi aluno do Professor Becker e Silva, posteriormente foi aluno do Colégio Regente Feijó e cursou a antiga Faculdade de Farmácia e Odontologia de Ponta Grossa.

 

Mas foi sua vocação para a música, herdada do pai musicista de fina têmpera e de sua mãe, exímia cantora, que definiu a carreira de Álvaro Holzmann. Iniciando seu aprendizado com seu tio, o saudoso e renomado maestro Jorge Holzmann, fundador da Banda Lira dos Campos; Álvaro Holzmann tornou-se um músico e compositor de soberba inspiração e virtuosismo ímpar, destacando-se como pianista exímio. Nessa condição, em sua mocidade, após ter cursado o Conservatório de Música do Rio de janeiro, foi músico a bordo do navio Bagé, com o qual percorreu grande parte da Europa.

 

Fixando residência em Ponta Grossa, após seu casamento, dedicou-se ao ensino da música, tendo ingressado no corpo docente do Colégio Regente Feijó durante 30 anos, aposentando-se por deficiência visual, fato que lhe tolheria a continuação da carreira como músico, mas não lhe diminuiu a capacidade e inspiração de compositor nem a sua vocação inata para a assistência social.

 

Apóstolo da caridade

 

Jovem ainda, quando residia em Porto Alegre, Álvaro Holzmann tomou contato com a Doutrina Espírita e com as obras assistenciais que eram realizadas no Albergue Noturno Dias da Cruz. Esclarecido pelo Evangelho e sentindo no espírito o impulso irresistível para o bem, iniciou sua longa e exemplar jornada no terreno da beneficência.

 

Retornando a Ponta Grossa uniu-se à Sociedade Espírita Francisco de Assis de Amparo aos Necessitados, da qual foi presidente por longos anos, e onde iniciou seu apostolado como verdadeiro seguidor do patrono da casa o humilde e luminoso Francisco de Assis.

 

Por sua inspiração e com a cooperação inestimável do seu trabalho cristão, surgiram a Associação Protetora do Recém-nascido, o Albergue Noturno, a creche, o lar Hercília de Vasconcellos, a Comunhão Espírita Cristã, o Lar das Vovozinhas Balbina Branco, todos esses departamentos ligados à Casa de Francisco de Assis, além de cooperar sempre na assistência prestada por outras entidades.

 

Verdadeiro "esmoleiro" do bem, Álvaro Holzmann renunciou à carreira brilhante que poderia ter realizado como concertista e maestro, dedicando-se de corpo e alma ao trabalho de pedir recursos para manter as obras assistenciais. Igualmente, na pregação evangélica e doutrinária sempre teve uma palavra de esclarecimento e consolo para os necessitados.

 

Alma simples e boa, tornou-se figura popular na cidade pela maneira com que confraternizava com todas as criaturas, procurando minorar os menos felizes.

 

Seu pendor musical foi inteiramente dedicado a musicar versos seus e de outros autores espíritas, decantando o Evangelho e a Doutrina Espírita em belíssimas composições, muitas delas já gravadas em dois discos elepês que correm o Brasil. Levando a sua mensagem de esperanças, cantada pelas meninas e moças do Coral Hercília de Vasconcellos, que ele organizou e dirigia.

 

Álvaro Holzmann procurou movimentar no sentido do bem todos os talentos que Deus lhe confiou. Esclarecido pela Doutrina Espírita, soube fazer de sua vida modesta, porém utilíssima, um permanente roteiro de serviço ao próximo. Nenhuma glória humana o seduziu, a não ser a glória de fazer o bem. Para si aceitava apenas um título: "Pedinte".

 

Esse homem de quem a cidade se despediu ontem, levando até o Cemitério de São José o corpo de carne que lhe serviu de veículo para as tarefas que executou. Seu exemplo permanece luminoso, tal como seu espírito imortal que regressou à Pátria Espiritual com a tranqüilidade daqueles que tudo fizeram para bem viver os preceitos cristãos. Isto lhe basta.

 

Solidários com o sentimento do povo pontagrossense enviamos à família do maestro Álvaro Holzmann as nossas condolências, alimentando a certeza de que o nobre exemplo do seu chefe frutificará nos corações daqueles que souberam compreender a grandeza da sua alma e o valor do seu trabalho.

 

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Centenário de nascimento de Álvaro Holzmann
23/01/1906 - 23/01/2006


Responsável por vasto programa de assistência social desenvolvido pela Sociedade Espírita Francisco de Assis de Amparo aos Necessitados - SEFAN, em Ponta Grossa, Álvaro Holzmann foi um trabalhador incansável. Pelo fato de residir a poucos metros da Casa Espírita, estava presente em todas as atividades, dividindo seu tempo ainda entre as aulas de Música que ministrava no Colégio Estadual Regente Feijó e os alunos que atendia em sua residência.


Lecionou piano, acordeão, teoria, solfejo, harmônica e canto. Organizou e dirigiu o Orfeão Pontagrossense, do qual participaram figuras de realce da sociedade local. Compôs inúmeras peças de músicas corais e populares, dedicando-se principalmente à composição de poemas e melodias cantando a excelência do Consolador Prometido, para crianças, jovens e adultos, formando o mais rico hinário espírita-cristão do Brasil.

 

Os valores morais adquiridos através do estudo da Doutrina transformaram seus anseios de virtuose do teclado, que na juventude percorreu vários Estados brasileiros e a Europa, apresentando concertos nos mais famosos teatros. Tocado pela luz do Evangelho do Senhor, passou a realizar audições de piano em benefício de obras assistenciais.

 

Um dos laboratórios para aplicação de suas composições foi a Escola Espírita de Evangelização Nina Arueira, onde muitas gerações receberam o alimento espiritual do Evangelho.

 

Outro núcleo que utilizou o resultado de sua alma de músico e de poeta e que representou o celeiro onde o Movimento Espírita de Ponta Grossa e do Paraná sempre colheu bons frutos, graças a sementeira tratada com carinho e amor por esse seareiro dedicado e consciente foi a União da Mocidade Espírita Cristã de Ponta Grossa - UMEC.

 

Educando a voz suave das meninas residentes no Lar Hercília de Vasconcelos, Departamento da SEFAN, conseguiu gravar, em São Paulo, dois discos de vinil com músicas, na maioria de sua lavra, para divulgação cantada das lições de Jesus, tendo o resultado financeiro desses discos auxiliado na manutenção daquele Lar. Para a consecução desse trabalho contou sempre com o apoio de Alvacélia, sua filha mais nova, que esteve a seu lado cantando, tocando piano, transformando-se em sua principal auxiliar nas questões musicais, quando ele perdeu a visão.

 

Guaracy Paraná Vieira, que conviveu com Álvaro Holzmann por dezenas de anos nas lides da SEFAN, teve oportunidade de assim pronunciar-se por ocasião da abertura de uma Confraternização de Jovens Espíritas: "A Boa Nova iluminada pelo fulgor da Doutrina Espírita despertou na sua alma de músico-cristão as notas sublimes que iriam compor a sinfonia de uma encarnação inteiramente voltada ao bem, no aprendizado do amor ao próximo. As crianças e os jovens foram a grande sementeira do seu plantio e a perene inspiração para as poesias e músicas que escreveu para cantar as belezas do Evangelho que lhe empolgavam a alma."

 

O conteúdo de O Evangelho Segundo o Espiritismo e mensagens de autoria do espírito Emmanuel publicadas nos livros: Pão Nosso, Fonte Viva, Caminho, Verdade e Vida, Religião dos Espíritos, Vinha de Luz, e de espíritos diversos como é o caso do livro O Espírito da Verdade, serviram de fonte de inspiração para muitas de suas músicas exaltando o Criador, o Mestre Jesus e Seus ensinamentos, Suas parábolas.

 

Baseado no cap. I, item 4 de O Evangelho segundo o Espiritismo e cap.62 de Pão Nosso, transcrevemos os versos de sua composição homenageando Jesus: Nunca amigo teve a Terra / Mais sublime e devotado, / Sua vida nos descerra / O amor purificado. / Nunca a Terra concebeu, / Visitante mais honroso. / Nunca o homem recebeu, / Mensageiro mais glorioso. Como amou Jesus a Deus! / Como amou Jesus a nós! / Humilhou-se aos nossos eus, / Sublimando a dor atroz. / Todo o amor que a Terra tem, / Será nada pra pagar / O infinito desse bem / Que só Ele soube dar. / Como médico da alma, / Qualquer doença Ele cura. / Seu remédio é paz e calma, / Nesta vida e na futura. / Como amou Jesus a Deus! / Como amou Jesus a nós! / Humilhou-se aos nossos eus, / Sublimando a dor atroz.

 

Esse homem simples, de inteligência extremamente desenvolvida e sensibilidade ímpar, era defensor dos princípios de integridade, de moral e dos bons costumes, incentivando nos jovens o comportamento de verdadeiros cristãos.

 

Em entrevista publicada em 26/01/1964 na coluna Um Homem Dentro da Vida, no Diário dos Campos (jornal fundado por seu pai no início da década de 1900 com o nome de O Progresso) Álvaro declarou: "Conhecer a realidade da vida espiritual e concorrer para o bem estar do próximo constituem os motivos de minha permanente alegria."

 

O profícuo trabalho desenvolvido por Álvaro Holzmann junto à Sociedade Espírita Francisco de Assis de Amparo aos Necessitados foi o ponto de partida para a consolidação do Movimento Espírita na cidade, sendo ele um pioneiro no campo da assistência social.

 

A comunidade espírita paranaense continua usufruindo os resultados do labor desse espírito de escol, através de membros e dirigentes de diversas Entidades Espíritas do Estado, que tiveram a sua iniciação espírita sob a direção do missionário da caridade em Ponta Grossa, Álvaro Holzmann. Em sua grande maioria os egressos da UMEC transferiram-se para Curitiba com a finalidade de estudar ou atendendo compromissos profissionais.


Alcione Vieira
Publicado no Jornal Mundo Espírita de fevereiro de 2006.

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