Nilson de Souza Pereira

No dia 21 de novembro de 2013, às 4h40min, na cidade de Salvador, Bahia, retornou a pátria espiritual NILSON DE SOUZA PEREIRA, incansável trabalhador da seara espírita, com inúmeras tarefas no bem. Sempre pensou no bem-estar das suas crianças, milhares que passaram pela Mansão do Caminho, obra assistencial fundada por ele e por Divaldo Pereira Franco.

 

De origem humilde, nasceu em 26 de outubro de 1924, no subúrbio ferroviário de Plataforma, em Salvador, sendo seus pais José Leocádio Pereira e Marieta de Souza Pereira. Foi bancário, telegrafista da Marinha e funcionário dos Correios e Telégrafos, onde se aposentou.

 

Sempre sereno, seguro, com um sorriso amigo para quem dele se aproximasse, granjeou amigos em todos os lugares. Tratava as pessoas com carinho imenso, deixando um rastro de amizade e tranquilidade por onde passava. Sempre tinha uma palavra amiga, uma observação carinhosa, um olhar terno.

 

Nilson e Divaldo, sob inspiração da mentora Joanna de Ângelis, fundaram inicialmente o Centro Espírita Caminho da Redenção, no dia  7 de setembro de 1947 e em 15 de agosto de 1952 a Mansão do Caminho, que teve o seu primeiro endereço na Rua Barão do Cotegipe,  124 no Bairro Calçada - Salvador. E, em 1955, os dois Trabalhadores do Bem, com a ajuda de muitos amigos (encarnados e desencarnados), compraram o terreno de 78.000m², no Bairro Pau da Lima - Salvador, onde está instalada essa grande obra de amor ao próximo, de fraternidade e de caridade aos que passam por situações adversas, e que ali encontram a esperança e a oportunidade de uma existência digna e feliz.

 

Tio Nilson, como era carinhosamente chamado, era um administrador nato que ajudou a erguer a Mansão do Caminho. Divaldo Franco na sua tarefa evangelizadora, viajando pelo Brasil e pelo Mundo e Nilson de Souza Pereira, na retaguarda, dando o apoio ao amigo inseparável na obra que os dois criaram.

 

Sempre trabalhador, após a sua aposentadoria, dedicou-se exclusivamente à Mansão do Caminho e ao Centro Espírita Caminho da Redenção, onde era encontrado  em atividade constante. Fosse na gráfica ou na coordenação de trabalhos no Centro Espírita, sempre com muita alegria e um sorriso amigo.

 

Nas reuniões mediúnicas, no trabalho de diálogo com os Espíritos que se comunicavam,  sua voz terna e cheia de amor os encaminhava para os mentores no trabalho de elucidação e atendimento fraterno.

 

Para seus interlocutores sempre tinha uma história para contar, dos tempos do pioneirismo da construção da Mansão do Caminho, naquele local muito afastado da cidade de Salvador. Falava do seu tempo de telegrafista da Marinha, quando, na época da Segunda Guerra Mundial, ficava vigilante, no litoral da Bahia, informando os navios que passavam na Costa. Das dificuldades encontradas e do cansaço que muitas vezes chegava antes do fim do dia, na construção da Mansão do Caminho. Mas, sempre terminava a narrativa com um sorriso maroto. Como quem sabia que nada o demoveria da sua tarefa.

 

Em 30 de dezembro de 2005, Nilson recebeu o título de Embaixador da Paz no mundo pela Ambassade Universelle pour la Paix, em Genebra, capital da Organização Mundial da Paz, braço da ONU, Suíça, concedido pelos relevantes serviços prestados à Humanidade, se constituindo no 206º Embaixador da Paz.

 

No entanto, seu maior troféu foi, com certeza, o sorriso amigo que recebia das crianças atendidas na Mansão. Esse, seguramente, lhe dava maior  satisfação, pois era o reconhecimento pelo trabalho executado. Mãos que agradeciam a ajuda recebida, personagens da vida que recebiam o fruto do seu esforço, retirando-os da miséria absoluta.

 

Quantas crianças foram atendidas e tiveram suas vidas preservadas não só pelo alimento físico, pelas roupas que cobriam seus corpos, mas pelo amor que lhes aquecia os corações e o sorriso que afastava a tristeza dos seus olhinhos infantis. Não há reconhecimento maior do que o sorriso de uma mãe agradecida ao ver seu filho atendido nas suas mais simples necessidades.

 

Os milhares de sorrisos de reconhecimento, foram levados pelo Tio Nilson no seu retorno à Pátria Espiritual. Ficamos imaginando a recepção que esse Espírito valoroso recebeu no seu retorno. A satisfação dos Mentores Espirituais, que lhe avalizaram a reencarnação, ao verem seu protegido ter cumprido sua missão neste planeta de provas e expiações, com tanta distinção.

 

Foram oitenta e nove anos de uma vida profícua, sobretudo pela exemplificação daquilo que nos mostra a Doutrina Espírita nos seus postulados iluminativos e consoladores. Fica o legado do trabalho desse amigo e companheiro para as futuras gerações que continuarão sendo atendidas pelos trabalhos assistenciais da Mansão do Caminho.

 

Tio Nilson, muito obrigado por ter convivido conosco e leve, em seu coração, nossa eterna gratidão pelo seu exemplo de vida.

 

Marco Antonio Negrão

Em 22.4.2014.

 

Nilson de Souza Pereira, por Divaldo Pereira Franco

 

Divaldo e Nilson se conheceram em agosto de 1945, quando Divaldo lecionava na Escola de Datilografia N. S. do Carmo, no bairro dos Quinze Mistérios, na cidade do Salvador, e Nilson se matriculou. Nascia ali uma amizade, uma fraternidade espiritual que, alicerçada e cultivada pelo Espiritismo, duraria para toda vida.

 

Assim comenta Divaldo sobre o amigo: Em face de uma enfermidade que martirizava o seu genitor, eu e Nilson fomos visitá-lo e lhe aplicamos passes, auxiliando-o na recuperação da saúde.

 

Nilson passou a frequentar o estudo do Evangelho, na residência de D. Ana Ribeiro Borges (D. Nanã) - a senhora que me orientou mediunicamente e me encaminhou com segurança ao Espiritismo -, na qual eu residia. Posteriormente, a convite de D. Nanã, ele passou a residir conosco.

 

Toda a sua família tornou-se espírita militante, com dedicação comovedora, mantendo um intercâmbio fraternal incomum com os meus familiares biológicos, nessa ocasião transferidos de Feira de Santana para residirem em Salvador.

 

Desde aquele período, Nilson revelou-se como um servidor ideal de Jesus: dedicado, sincero, honesto e trabalhador. Toda a sua existência transformou- se em um evangelho de feitos relevantes.

 

Graças à sua proteção fraternal e dedicação total, tem-me sido possível, com ele especialmente e com outros amigos, concretizar o projeto originado no mundo espiritual que se denomina comunidade Mansão do Caminho, a que ele entregou sua existência.

 

Portador de excelentes dotes e habilidade, é o espírito de nossa Casa, laborando em diversos ofícios, com habilidade incomum, sempre pronto a servir, a todos ajudando indiscriminadamente.

 

Exemplo de perseverança no trabalho, orientou diferentes gerações infantis que passaram pela nossa Casa, preparando esses nossos filhos pelo coração para o exercício das diversas profissões a que hoje se entregam.

 

Trabalhando com afinco, como bancário num período, e noutro como radiotelegrafista dos Correios, aposentou-se após cumprir os prazos exigidos por Lei e entregou-se em tempo real ao ministério da solidariedade.

 

O seu caráter hígido, a sua moral sadia, a sua abnegação, feita de bondade e coerência, tornou-o um exemplo de cristão-espírita.

 

Nunca o vi queixar-se de nada, mesmo quando em visível exaustão de forças pelo excesso de labor, prosseguindo otimista e generoso.

 

Inevitavelmente, despertou sentimentos de amizade e ternura em muitas pessoas que lhe dedicam respeito e afeição.

 

Além dos labores materiais em que é exímio, dedicou-se à psicoterapia com os desencarnados em sofrimento, sendo um exemplo de humildade e sabedoria a ser seguido, dialogando com os Espíritos que nos visitam em nossas reuniões de socorro.

 

Em face da confiança que a todos nos inspira, encarregou-se, com outros confrades, de conduzir nossa Instituição ao seu destino enobrecido, substituindo-me em alguns misteres durante as viagens a que sou convocado, e mesmo quando estou, de forma que eu possa dispor de tempo necessário para as atividades mediúnicas e outras mais específicas, aquelas que me dizem respeito.

 

Sem ele, com certeza, não me teria sido possível ampliar o leque de realizações por cidades e países numerosos, como vem ocorrendo.

 

Havendo criado a nossa Gráfica e Editora, à qual dedica expressivo número de horas diárias, é responsável pela publicação de nossa Revista Presença Espírita e de mais de duzentos livros de psicografia de que sou instrumento, além de milhões de mensagens e outros materiais pertinentes.

 

A sua fidelidade a Jesus e ao Espiritismo é comovedora, porque renunciou, desde cedo, aos denominados prazeres juvenis, sem tempo de tombar nos desvãos morais desse período, assim como os da idade adulta, alcançando a idade mais avançada, com honradez, sem ter qualquer constrangimento em olhar a retaguarda por onde transitou.

 

Amigo de todas as horas, muitos lhe devemos valores que nunca lhe poderemos retribuir, senão através das vibrações de ternura e de gratidão, envoltas em amor e gentilezas que ele merece.

 

Havendo experimentado diversas vicissitudes na saúde e sendo submetido a intervenções cirúrgicas de largo porte, nunca reclamou, mantendo-se sempre sereno e confiante na misericórdia divina.

 

Considero-o um verdadeiro espírita, pela fé raciocinada e pelos atos de abnegação e caridade.

 

Nele tenho um exemplo moral e de trabalho, numa sociedade em que escasseiam valores desse porte, que me estimula ao avanço na busca da autoiluminação.

 

Não tergiversaria, se necessário fosse, doar-lhe a existência física, nesse período de decrepitude orgânica, a fim de que ele pudesse continuar estoico por mais tempo, construindo a humanidade do futuro, que já podemos antever nos seus exemplos silenciosos e honoráveis.

 

Salvador, 21.9.2009.
Fonte: A jornada numinosa de Divaldo Franco, Sérgio Sinotti, ed. LEAL, 2009.

 

 Livros organizados por Nilson de Souza Pereira:

...E o Amor Continua

A Serviço do Espiritismo (Divaldo Franco na Europa)

Depois da Vida

Exaltação à Vida

Terapia Espírita para os desencarnados

Viagens e Entrevistas

Vidas em Triunfo.

 

Homenagens recebidas 

15.8.1977 - Pergaminho homenagem a Divaldo e Nilson, das Tias da Mansão, pelos 25anos da Mansão do Caminho.
19.5.1993 - Placa dourada da Associação Cultural Espírita de Viseu, Portugal.
             Placa de bronze Antero de Quental (1891-1991), do Centro Espírita Luz Eterna, Olhão, Portugal.
30.4.1994 - Envelope de cobre, da Associação Cultural Espírita de Viseu, Portugal.
1994 - Placa dourada Le CESAK, de Centre d´Études Spirites Allan Kardec, de Paris, França (conjuntamente com Divaldo).
7.8.1994 - Título de Cidadão Queimadense (Queimadas, BA).
24.10.1997 - Placa dourada em quadro, do Grande Encontro Fraternal com Divaldo Franco, em Itaparica, Bahia.
1999 - Troféu, em acrílico, oferecido pela CONJEAR, Feira de Santana, Bahia.
22.5.1999 - Diploma de Sócio Honorário, do Centro de Estudos Espíritas Allan Kardec, Wintherthur, Suíça.
1.6.199 - Placa dourada, da comunidade de Paramirim, Bahia.
12.6.1999 - Quadro de St. British Spiritist Encounter e British Union of Spiritist Societies, em gratidão.
1999, novembro - Placa dourada sobre quadro, da Asociación Espírita Tercera Revelación, La Rioja, Argentina.
16.1.2000 - Placa de Prata dos Amigos da Mansão, de São Paulo, SP.
4.8.2000 - 1º Encontro com Nilson Pereira, Psiquiatria, Psicologia e Espiritismo, Cabo de Santo Agostinho, Pernambuco.
6.4.2001 - Placa de Prata, da Sociedade Espírita A Caminho da Luz, Santa Cruz do Sul, RS.
29.11.2001 - Placa de Prata, do Centro Espírita Seareiros da Liberdade, de Salvador, Bahia.
2002, março - Troféu em acrílico, com base em granito, da Associação Médico-Espírita de Minas Gerais.
20.10.2002 - Placa de Prata da Aliança Regional Espírita - ARE - 03 (Feira de Santana, Bahia),pelos 50 anos da Mansão do Caminho e 55 anos do Centro Espírita Caminho da Redenção.
26.10.2002 - Placa de Prata da Caravana Auta de Souza, de Salvador, Bahia.
4.7.2003 - Diploma de Sócio Honorífico da FIDES (Le Federazione Italiana di Evoluzione Spiritica (Organo Promotore e Coordenatore Dell Unione Espiritista Italiana), Milano, Itália.
2003 - Certificado do Congresso Espírita Portorriqueño 2003 ( de 27.2 a 2.3.2003), por sua participação.
25.2.2004 - Placa Dourada do Centro Espírita Caridade, de Araguari.
29.5.2004 - Diploma de Sócio Honorário do Centro de Estudos Espíritas Allan Kardec, de Winterthur, Suisse.
25.7.2004- Placa de Prata da Sociedade Espírita Fraternidade, de Paramirim, Bahia.
15.8.2004 - Placa de Prata dos Filhos da Mansão do Caminho, em conjunto com Divaldo.
26.10.2004 - Placa Dourada da Escola de 1º Grau Jesus Cristo, da Mansão do Caminho, pelos oitenta anos de idade.
6.10.2004 - Quadro com moldura dourada, da Família Mansão do Caminho.
1.5.2005 - Placa Dourada (réplica da Placa indicativa da rua com o seu nome), oferecida pelo Prefeito de Biritinga, Bahia.
0.12.2005 - Título nº 204 de Embaixador da Paz, oferecido pela Universal Peace Ambassy & Cercle Universel des Ambassadeurs de la Paix, em Genève, Suisse.
.4.2007 -Placa de metal prateado sobre acrílico preto, oferecido pelas Equipes dos Livros de Divaldo, de São Paulo e Rio Grande do Sul.
007, maio - Quadro dourado, oferecido pela Sociedade de Estudos Espíritas Allan Kardec,  Viena, Áustria.
007, junho - Quadro Coeur de prières, homenagem do Centre d´Études Spirites Allan Kardec, Paris, França.
007, julho - Medalha 2 de Julho, recebida no Palácio Rio Branco, Salvador - BA.
9.9.2012 - Distinção Honorífica ao sócio Honorário, pela Associação Espírita de São Brás, Portugal.

Medalha Serviços de Guerra Marinha do Brasil.

Em 22.4.2014.

 

Divaldo Pereira Franco fala a respeito de Nilson de Souza Pereira, em entrevista ao Jornal de Espiritismo, de Portugal, em 2 de dezembro de 2013. Publicada na edição nº 63, de março/abril de 2014.

 

Quem era Nilson, que tipo de pessoa era?

 

Nilson foi, na Terra, um homem jovial e encantador, dedicado ao trabalho do bem desde que travou contato com o Espiritismo, no ano de 1945. Na ocasião era marinheiro, posteriormente telegrafista dos Correios e, por fim, bancário, em cujo labor aposentou-se.

 

Portador de uma dedicação incomum, era considerado o homem dos sete instrumentos, pela sua capacidade de exercer as mais variadas funções em nossa Instituição [Mansão do Caminho], consertando tudo quanto lhe chegava às mãos. Responsável pela edificação de todo o conjunto de casas, departamentos e residências da comunidade Mansão do Caminho, instalações elétricas, água e serviços gerais. Antes de tornar-se espírita, aos vinte e três anos de idade, teve namoradas e quase ficou noivo. Posteriormente entregou-se totalmente à obra de amor e quase não dispôs de tempo para materializar outras aspirações. Era alegre e jovial, mas sério e responsável, sendo muito respeitado e amado.

 

Como nasceu a vossa amizade, como se conheceram, como nasceu o projeto de, em conjunto, construírem a Mansão do Caminho? E que tipo de cidadão era?

 

Em 1945, eu ensinava português em uma Escola de datilografia, auxiliando os alunos que tinham dificuldade com o idioma. Eu estava com dezoito anos. Nilson e amigos matricularam-se na Escola, no mês de fevereiro, e passei a ministrar-lhe e aos companheiros noções do idioma pátrio. Nesse ínterim, seu genitor enfermou gravemente e, sabendo-o, prontifiquei-me a visitá-lo, constatando que se tratava de um transtorno obsessivo de consequências orgânicas. Apliquei-lhe a terapia dos passes, da água fluidificada, os Benfeitores orientaram-no no tratamento homeopático e, ao recuperar-se, toda a família tornou-se espírita.

 

O projeto da Mansão do Caminho é resultado de uma visão psíquica de que fui objeto, quando ambos retornávamos de uma visita a uma jovem obsidiada e nos encontrávamos num comboio ferroviário. Ao descrever-lhe o que vi, ele desenhou e guardou os detalhes apresentados, vindo a materializar-se, por volta de 1955. Ao adquirirmos uma área de oitenta e seis mil metros quadrados, ele começou a construir a comunidade, conforme o desenho que fizera, resultando no que hoje existe. Antes as crianças viviam em um edifício de 3 andares,  então denominado Orfanato, que recebeu o nome de Mansão do Caminho. Era um cidadão eminentemente pacífico e trabalhador. 

 

É verdade que ele mandava o Divaldo deitar-se no banco de trás do carro, para não o incomodar, pois o Divaldo confundia os vivos com os mortos? (risos...) Que outras histórias pitorescas que ache oportuno partilhar?

 

Realmente, no período de educação da mediunidade, o fenômeno era tão pulsante que me levava à dificuldade de distinguir aquilo que era objetivo do que se passava no campo da paranormalidade. Eu via acidentes e assustava-me, obrigando Nilson a mandar-me para a parte de trás do carro, a fim de não o atrapalhar. Dessa forma, não aprendi a conduzir veículos até hoje. Muitas vezes, eu era apresentado a uma pessoa e via-lhe o semblante. Ao reencontrá-la, apresentava outra face, o que muito me confundia, porque dependia do acompanhamento espiritual daquele momento. 

 

Qual o papel dele na Mansão do Caminho, que tipo de trabalhos era da sua responsabilidade?

 

O papel de Nilson na Mansão do Caminho era de fundamental importância. Além de ser o grande trabalhador, também era o presidente do Centro Espírita Caminho da Redenção e de todos os seus departamentos, incluindo a Mansão. Não se detinha, porém, no que lhe era dever realizar, mas estava sempre disposto aos labores que se apresentavam, que não eram poucos.

 

Dormia pouco, a fim de atender a todos os compromissos, nunca ultrapassando quatro horas e meia, em média, diariamente. 

 

Nilson sempre viveu na sua retaguarda, apesar de caminharem lado a lado. Deu-lhe muito apoio nas suas viagens de divulgação espírita pelo mundo afora. Que tipo de espírita era, que tarefas espíritas tinha, como o classificaria como espírita?

 

Em razão do seu caráter de homem de bem, jamais se apresentava, mantendo-se sempre discreto em todas as situações, em Salvador ou viajando pelo mundo. Era-me, no entanto, o grande apoio, a solidariedade, o concurso amigo para quaisquer situações. Embora de formação cultural primária, escrevia muito bem e falava com correção de linguagem. Era um verdadeiro espírita, conforme o conceito apresentado por Allan Kardec. 

 

Ele recebeu um alto galardão como cidadão mundial defensor da paz. Como foi isso, quer explicar-nos?

 

Para nossa surpresa, no mês de dezembro de 2005, nós dois fomos indicados como Embaixadores da Paz no mundo, sem jamais sabermos como isso aconteceu, em Genève, através do Instituto para a Paz no Mundo. 

 

De acordo com um livro publicado, Nilson teria sido seu irmão, ambos filhos de Joana de Cusa, e Nilson foi sacrificado, juntamente com sua mãe Joana de Cusa, atualmente seu guia espiritual, Joanna de Ângelis. Que outras ligações teve com Nilson que se recorde?

 

Em realidade, conforme as informações espirituais, ele teria sido queimado vivo com sua mãe, Joana de Cusa que, mais tarde, se identificaria como Joanna de Ângelis. Ainda, segundo as mesmas fontes, teríamos ambos retornado ao conhecimento e convivência da doutrina cristã ao tempo de Francisco de Assis, na Úmbria e, posteriormente, na Escócia. 

 

Nilson teve vários problemas de saúde graves e desencarnou de cancro. Todas essas dores foram expiação ou contingências de um ser terreno, em provas escolhidas?

 

As problemáticas na área da saúde foram decorrência de comportamentos infelizes em existências passadas, que ele soube administrar muito bem, sem jamais haver-se queixado ou reclamado. Sempre paciente, foi um exemplo de resignação. 

 

Quarenta dias depois da sua desencarnação, ele comunicou-se por intermédio de sua fala (psicofonia). Como foi esse momento? Divaldo assistiu ou participou na desencarnação do Nilson?

 

Havíamos combinado que, ao ocorrer qualquer problema com um de nós, o outro continuaria no trabalho. Desse modo, durante toda a sua enfermidade final, eu mantive a programação de viagens e os compromissos firmados, indo ao Hospital para o acompanhar nas demais horas. Quando ele desencarnou, eu me encontrava em viagem e prossegui, não havendo participado do seu sepultamento. Ao concluir o labor e retornar, fui diretamente ao cemitério orar junto à sua tumba, sem extravasar a imensa dor que me dominava e ainda permanece mais suavizada. Nesse ínterim, após a desencarnação, tive uma visão dele, quando do nosso Movimento Você e a Paz: ele apareceu-me amparado pela Benfeitora Joanna de Ângelis e acenou-me sorrindo. Posteriormente, num momento de profunda reflexão e dor, ouvi-lhe a voz, que me disse: Di, não quero você triste nem deprimido. A sua alegria é importante para auxiliar outras pessoas...

 

No dia da mensagem psicofônica, vivenciei sentimentos de interiorização até o momento, na reunião, quando ele ofereceu-nos a página consoladora, durante um transe inconsciente de minha parte, que muito me refrigerou o coração e a mente.

 

Palavras finais sobre Nilson Pereira e outras aos leitores do Jornal de Espiritismo.

 

Espero que o exemplo desse homem nobre e simples sirva de demonstração atual de que é possível viver Jesus nos dias modernos.


Em 5.6.2014.

© Federação Espírita do Paraná - 20/11/2014